13 de nov. de 2014

O massacre que a grande mídia não quis ver

de Letícia Leal

Foi pelas redes sociais que o Brasil veio a saber, de primeira mão, na manhã da última quarta-feira(05/11), que uma chacina ocorria pela mão da polícia em bairros como Terra Firme, Guamá e Cremação da cidade de Belém, no Pará. No Twitter, moradores dos bairros afetados declaravam clima de desespero e já anunciavam dez mortes que teriam ocorrido durante a madrugada do dia anterior.

O motivo, segundo os próprios responsáveis, teria sido o assassinato do cabo Antonio Figueiredo, da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam) da Polícia Militar, morto fora de serviço. Eles chegaram a prenunciar o ato terrorista que estavam prestes a realizar na página da própria Rotam paraense no Facebook, além de ter sido compartilhado um áudio pedindo às pessoas nos bairros escolhidos que ficassem em suas casas, pois haveria uma “limpeza na área”.

(Foto: Luana Laboissiere/ G1)

Mesmo assim, a Corregedoria de Polícia negou o envolvimento dos milicianos. No dia seguinte, as informações oficiais contabilizavam 10 mortos – cabo Antonio incluso; dado incompatível ao que foi declarado extraoficialmente pela população civil. A estudante Laura Figueiredo, de 19 anos, se referiu ao incidente como uma “guerra civil” que já fizera mais 50 vítimas até a noite de sexta-feira, dia 7. O apresentador Rafucko mencionou mais de 100 mortes em sua página pessoal.
O Diário Online publicou ontem que mais de 115 movimentos sociais protestaram em frente à sede da Assembleia Legislativa por meio de uma carta-manifesto. Os grupos exigiam a instalação de uma CPI relacionada às execuções, que já fora proposta por Edmilson Rodrigues do PSol e contava com a assinatura de oito parlamentares.


O curioso, entretanto, é que apesar de sua extrema crueldade e frieza e de sua repercussão internacional (foi noticiado na anistia.org), o caso permanece silenciado pela grande mídia brasileira. Não foi dada a devida atenção ao ocorrido nos veículos de maior circulação nacional e tampouco houve interesse de averiguação e apuração precisa dos fatos, que chegam direto de fontes de todas as partes e muitas vezes se contradizendo. O direito à informação está sendo podado e as vidas destruídas por essa chacina estão esperando por explicações que não virão sem que a devida pressão seja feita.

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