18 de out. de 2008

E até a próxima tragédia...

O sequestro da jovem Eloá de penas 15 anos, surpreendida pelo ex-namorado na última segunda-feira dia 13 de outubro movimentou consideravelmente Santo André no ABC paulista.

O caso foi incansavelmente “vigiado” pela imprensa e analisado pelos mais diversos especialistas. Nessas horas nos perguntamos qual é realmente a contribuição da mídia no caso e se esse reforço é realmente positivo.

Basta remexer nos arquivos que encontraremos inúmeros casos dramáticos de tragédias da vida privada – vide Isabella Nardonni – apresentados em forma de acontecimentos monstros.

O fato é que acima de tudo, a notícia é um produto a ser vendido e o escândalo, a tragédia são produtos caros e lucrativos que a sociedade compra com facilidade. E assim vai seguindo o comércio: eu vendo o que você está disposto a comprar e nesse ‘vale-tudo’ nossa colega Sônia Abrão em seu programa A Tarde é Sua da redeTV entrevistou em tempo real o seqüestrador Lindemberg Fernandes que estava no apartamento da jovem sobre poder de Eloá. Oi? Sônia quem? Sem desprezar o direito de livre expressão, mas transformar o sequestrador em uma celebridade instantânea com direito a aparição ao vivo em programa popular já é demais. Sem contar que a interferência imprópria da mídia nessas situações pode mudar radicalmente os rumos das negociações feitas por meio de encarregados do caso.

O interessante que dessa vez até a hegemônica e intocável Rede Globo se confundiu na hora de repassar informações sobe o caso. Com o fim do dramático episódio nessa sexta dia 17, a população seguia aflita por maiores informações sobre o desfecho da agonia. Até que um primeiro plantão foi anunciado, levando toda a família à sala para sofrer com a morte da jovem que não teria resistido aos disparos feitos por Lindemberg... Porém, em uma segunda chamada, a família volta a ter esperanças com a errata feita por Fátima Bernardes que diz, agora, que a morte de Eloá não foi confirmada e, citando os nomes dos supostos culpados pela divergência da informação, diz que a adolescente está em estado grave.

È, a imprensa está abastecida por algum tempo. Uma série de reconstituições, psicólogos, entrevistas com os envolvidos diretos, tios, amigos e vizinhos terão amplo espaço nas programações da TV, no jornal escrito e nas rádios até o próximo incidente.

Não colocaremos, contudo, a mídia como culpada da torrente de más notícias que recebemos todos os dias nem a apontemos como a grande vilã da história, pois, o acontecimento monstro aludido só é monstro pela repercussão tem.

14 de out. de 2008

blogs, articulistas e código de ética

Para entender a minha indignação:
http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2008/09/no-pas-dos-petralhas-diogo-mainardi.html

Aproveitando o post do Murilo, eu queria iniciar um debate sobre blogs, articulistas e código de ética. Vale ressaltar que a crítica feita ao professor da UnB foi feita no blog do jornalista que é vinculado ao semanário mais vendido no país.

Não sei se todos concordam (e até melhor se alguém discordar), mas blogueiro não é jornalista (capa da revista Imprensa de Setembro): o contéudo e o formato da matéria produzida são completamente diferentes. Isso sem falar do profissional do jornal X usuário da internet. Então, por que o blog do cara, onde ele pode falar de tudo da forma como bem entende é hotsite da home da revista? Se é conteúdo de blog do Fulaninho, ok. Defendo, inclusive, que continue a escrever do seu jeito ácido que isso estimula nosso exercício argumentativo. Mas a partir do momento que esse é o blog do jornalista Fulaninho que é acessado através da página da revista na internet, as coisas mudam. Ou deveriam mudar, penso eu.

Não sou a favor da livre agressão entre blogueiros, mas não conheceço nenhum web código de ética para blogs. Sugiro o bom senso para quem quiser sair criticando em seus blogs. Para os colunistas, que abusam de seus espaços nos meios impressos para ofender e agredir políticos, outros jornalistas e professores universitários e reproduzem esse discurso em seus blogs, sugiro uma breve leitura do código de ética. Afinal, assim como editores, repórteres, diagramadores, articulistas são jornalistas. O espaço cedido a eles, na web ou no jornal, devem ser utilizados para expressar suas opiniões com responsabilidade. Destaquei alguns artigos ignorados pelo jornalista em questão:


CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS

Capítulo II - Da conduta profissional do jornalista
Art. 6º É dever do jornalista:
VIII - respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;

Capítulo III - Da responsabilidade profissional do jornalista
Art. 10. A opinião manifestada em meios de informação deve ser exercida com responsabilidade.
Art. 12. O jornalista deve:
III - tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar;



13 de out. de 2008

A Inclusão Social na segurança do jornalista

Estudo de caso: Seqüestro dos jornalistas de “O Dia”, em 14/05/2008

A reportagem seria um estouro: depois de duas semanas inseridos no dia-a-dia da favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, a repórter, o fotógrafo e o motorista do jornal O Dia tinham material suficiente para delatar a atuação corrupta e ditatorial da milícia controladora daquela favela.

Em apenas sete horas, a reviravolta. Os jornalistas passaram de heróis da notícia a vítimas da Barbárie por eles tanto criticada. Tortura, abuso de autoridade e humilhação foram as armas que os “bandidos que usam farda nas horas vagas”[1] empregaram contra a informação. O Sindicato dos Jornalistas classifica a violência como “um dos mais graves atentados à liberdade de informação”. O coronel José Vicente da Silva, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, aconselha a redução da cobertura das favelas cariocas. Tal redução implicaria em conseqüências bastante delicadas: não seria a violência resultado da marginalização proporcionada pela própria mídia, contra as favelas e periferias? E, assim sendo, uma diminuição da cobertura, ou – em outras palavras - imposição de uma autocensura, não daria continuidade ao círculo vicioso marginalização – violência - marginalização?

Maurício Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), coloca que “a missão do jornalista não é morrer, mas não se pode recusar a fazer uma cobertura porque o nosso trabalho é uma atividade de risco. Essa tese de que não se pode cobrir certas áreas significa imposição de autocensura” [2].

Como conciliar, então, a proteção efetiva dos jornalistas e uma cobertura completa de todas as esferas da sociedade? Ou, como coloca o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, como encontrar “um meio de a imprensa cumprir seu papel de informar com responsabilidade garantindo a integridade de seus jornalistas”[3]. Antes de tudo, cabe ressaltar quais os dois principais empecilhos para a uma eventual conciliação: (1) a ausência de interesse comercial na periferia (tanto enquanto público-alvo como valor-midiático), que culmina na falta de cobertura local; (2) e as exceções à regra – apelidadas de “infantaria do jornalismo” – que, sem a menor retaguarda, enfrentam a “missão” [4] de trazer à mídia uma abordagem autônoma e livre da periferia, que difira do estado de “terror e medo” pautado pelo “corporativismo da política, da mídia e da milícia”[5]. Tais exceções, apesar de poderem apresentar resultados heróicos, muitas vezes culminam em tragédias como esta e a de Tim Lopes – a qual completou, coincidentemente, seis anos no dia do ato de repúdio ao seqüestro dos jornalistas de O Dia.

Existem ainda, certamente, aqueles profissionais sedentos por prêmios e grandes furos. Nestes, a busca por reconhecimento e audiência supera escrúpulos e prudência, e qualquer discussão acerca de sua segurança necessitaria outra abordagem. Tratemos apenas daqueles comprometidos com a informação e o interesse público – não necessariamente “do público”.

Medidas como a “instalação de comissões de segurança nas redações, formadas por jornalistas que fiscalizem as medidas de proteção à vida e que avaliem os riscos de cada cobertura”, são velhas reivindicações do Sindicato, “o pior caminho para a imprensa será deixar que a tortura de Realengo atinja o objetivo dos torturadores: calar o jornalismo” [6]. “Para combater o crime organizado, faz-se necessária uma redação organizada”[7]. Esse objetivo só pode ser alcançado quando certos paradoxos forem vencidos: em uma sociedade tecnologicamente avançada como a nossa, onde até cachorros podem ser monitorados, o único impedimento restante à segurança dos jornalistas é o descaso. A famosa falta de interesse econômico.

Falta aos donos e diretores dos meios de comunicação a compreensão desse círculo vicioso: é do interesse da população em todos os âmbitos - economia, segurança, cidadania – que se insiram as camadas marginalizadas na agenda da mídia, e – principalmente – que esse agendamento seja positivo e não reforce ainda mais os estereótipos tradicionalmente transmitidos de criminalidade e pobreza. Somente com inclusão social e a realização de uma política de segurança para os jornalistas empenhados com essa causa, tragédias como a que atingiu os jornalistas do periódico O Dia poderão ser evitadas.

[1] Comunique-se, 31/05/2008
[2] O Dia, 06/06/2008
[3] Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, em Carta aos jornalistas, 02/06/2008
[4]O Dia, 06/06/2008
[5] BENTES, Ivana. “Mídia e Política”, Carta Capital, 17/06/2008
[6] Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, em Carta aos jornalistas, 02/06/2008
[7] Luiz Martins da Silva, Professor da UnB

12 de out. de 2008

Epifania

Nessa semana, ocorreu um fato que me fez recordar os motivos pelos quais decidi tornar-me jornalista.

Freqüento uma disciplina na UnB que visa, basicamente, analisar a evolução da escrita e da sociedade latino-americana. Uma das ferramentas que utilizamos para expor nossos pontos de vista é um blog em que o professor posta o texto designado e, logo após, o comentamos. Um dos textos que analisamos foi de um renomado colunista de uma das maiores revistas do Brasil (esta é sempre acusada de manipulação e de possuir forte teor de direita… adivinha qual é!). Esse leu nossas críticas e resolveu contra-argumentar em seu próprio blog. Até aí tudo bem, afinal todos temos o direito de resposta (ou, pelo menos, éramos pra ter).

Não contente em discordar e expressar sua opinião livremente sobre o assunto, iniciou um ataque de ofensas ao professor e a nós, alunos. Mas ofensas chulas e pesadas MESMO. Para finalizar, anunciou o nosso endereço eletrônico em seu blog para que seus cegos e intelectualóides discípulos também se manifestassem, gerando um escarcéu de insultos (mais de 100 comentários) que desviavam do plano da crítica original.

Depois de todo o alvoroço entre os meus colegas de sala e meu professor, afinal nunca tínhamos recebido nenhuma crítica direta de uma grande impressa de massa, decidimos manter os comentários, até mesmo os afrontosos, para, no futuro, os analisarmos.

E aí? Fim de conversa? Briga engavetada? Não! Algo martelava na minha cabeça. E de tanto pensar, a fim de descobrir o que me instigava, acabei percebendo algo que surpreendeu: eu estava fazendo jornalismo! Poxa, acabou de cair minha fixa de que estou beeem “longe de casa, há mais de uma semana” e construindo a minha identidade pessoal e profissional. Foi então que me vi na cidade de Brasília, mais precisamente na Universidade de Brasília, mais conhecida como UnB. No mesmo instante, grande parte dos ideais que eu tinha na minha fase rebelde dos treze anos foram voltando à tona. Por que mesmo eu tinha decidido fazer jornalismo? Percebi que de uns tempos pra cá eu vinha caminhando no automático. Acho que, de tanto eu lutar contra a burocracia de entrar numa universidade pública, acabei esquecendo os meus antigos objetivos.

Em casa, lavando minhas meias sujas e lembrando do escândalo, comecei a raciocinar que eu estava entrando num campo de trabalho em que a maior parte das pessoas desejam manipular as outras, e é por isso que existe tanta briga entre autores nos blogs. Tcharam! Nos meios persuasivos são diminutos os discursos dialéticos. Por isso é que o renomado autor da minha briga apelou tanto. Ele não queria perder sua autoridade diante dos seus leitores.

“Mais que porcaria é essa de pessoa que fica influenciando nas decisões alheias para fazer prevalecer suas idéias?”. “Não!”, me auto-corrigi, “não posso julgá-lo de maneira crua, pois talvez só esteja tentando fazer valer os seus princípios”. Mas ninguém, nem eu mesmo, pode impedir-me de achar suas causas uma porcaria. Eu também tenho os meus valores e não vou deixar de lutar para garantir que a satisfação da maioria seja estabelecida.

Ufa! Agora eu recordo dos motivos que me levaram ao jornalismo. E vou fazer valer a pena.

10 de out. de 2008

IX Congresso da ALAIC

O SOS Imprensa envia correspondentes para o IX Congresso da ALAIC (Associação Latinoamericana de Pesquisadores da Comunicação). O primeiro dia do evento iniciou com painel sobre a criação de novos veículos de comunicação na internet. Ramón Alberto Garza apresentou o projeto indigo.com. O portal transmite informações em texto, vídeo e rádio. De tarde, os participantes se dividiram nos grupos de trabalho. Os correspondentes do SOS Imprensa integraram o GT Comunicação Popular, Comunitária e Cidadã. No grupo, houve o relato e análise de experiências com jornais, clube de livros, rádio de mulheres e wireless.
Agora, no início do segundo dia, acontece o painel sobre observatórios de meios de comunicação. Para saber mais, acesse: http://www.observalosmedios.org/

Ju Mendes e LeyLelis

1 de out. de 2008

Semana de extensão “Universidade e Democracia”

Gostaria de convidar todos os leitores do blog e membros do SOS para participarem do cineclube que está acontecendo ao meio dia na sala 600 da FAC. Já exibimos Cidadão Kane e Muito além do Cidadão Kane. Recomendo para todos os estudantes de comunicação! O filme de amanhã é Brad Will ! =)


Depois postaremos o vídeo da galera da oficina de telejornalismo que fizeram uma breve cobertura dessa semana. A propósito, sucesso total! Gostei muito da animação do pessoal e do resultado das externas! Sem mais, termino com uma citação que me provoca até hoje:

“Comunicação é amor” (Florence Dravet minha, professora de ICom)
Será?

Bela