26 de nov. de 2006

I Semana latino-americana dos direitos da infância

por Jairo Faria

Foi aberta no dia 22 de novembro a I Semana latino-americana dos direitos da infância. A Semana, que até o dia 10 de dezembro promoverá eventos por vários países da América Latina, foi aberta com um seminário que contou com a presença do coordenador geral da ANDI América Latina, Ulisses Lacava.

Lacava apresentou uma pesquisa inédita feita pela ONG América Latina sobre a cobertura dos direitos da infância na região. A pesquisa foi feita com base em matérias publicadas nos principais jornais dos países latino-americanos durante o ano de 2005. Ela revela pontos positivos e negativos sobre a infância e a adolescência na mídia.
Um dos pontos positivos observados pela pesquisa foi o fato de a maioria das matérias analisadas tratarem do tema educação. Segundo Lacava, é importante que a mídia trate esse tipo de assunto, já que isso pode gerar um agendamento das políticas públicas. Foram observados, também, outros avanços significativos. Dentre eles estão: a reformulação de legislações, a implementação de políticas públicas voltadas para a proteção integral da criança e do adolescente e a melhoria de indicadores cruciais.

A pesquisa, porém, revelou muitos pontos negativos relacionados a esse tema. Foi concluído, por exemplo, que as matérias, em média, trataram muito pouco de questões como a de raça, etnia e gênero. Além disso, as notícias, na maioria das vezes, retrataram casos individuais, não enfocando diretamente a necessidade das políticas públicas. Constatou-se, também, um número muito baixo de fontes ouvidas por matéria, e essas fontes, em geral, eram fontes oficiais. Em relação aos dados, a pesquisa observou nas matérias analisadas uma escassez de informações como legislações, soluções de problema e políticas públicas. Quanto ao uso das palavras, 17% das matérias brasileiras analisadas utilizavam termos pejorativos.

A pesquisa apresentada no seminário da ANDI mostra que a mídia latino-americana ainda precisa aprender a usar seu poder de agendar políticas públicas. Há muito o que ser melhorado no que diz respeito à cobertura dos fatos. E isso vale não apenas para os direitos da infância.

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